quarta-feira, 23 de julho de 2014

Entrevista Luciano Pfeifer

A minha turma de amigos foi formada por colegas de aula e amigos desses colegas, já o Luciano era amigo do Vitor Hugo, irmão do Filipe (primeira entrevista do blog), eles fizeram o link para uma turma mais jovem, quando se tem pouca idade alguns poucos anos parecem um divisor de gerações e ele sempre teve amizade com todas as turmas e tribos de Taquara. Sempre foi um ótimo músico, porém sabia entrar no clima quando eu, com meu baixo distorcido e tocado com baqueta e outros amigos sem dotes musicais resolvíamos fazer uma jam session, no conceito literal. Agora o Luciano mora em Campinas e sempre que vem para o sul é motivo para reunir a turma e batermos um papo.

1) Acho que todos, em algum momento, percebem que a música é algo além de dançar ou se chacoalhar e veem que ela traz muitas emoções e se fixa na memórias ao longo da vida. Qual a música ou lembrança musical mais antiga que tu tens e qual o primeiro disco comprado com as próprias economias? Fale também qual a música ou banda que fez tu perceber que a música teria uma importância muito grande na tua vida?

Bom, das primeiras lembranças rolam músicas que os meus três irmãos mais velhos ouviam na Continental AM, uma rádio que diversos adolescentes gaúchos curtiam nos anos 70. Lembro-me de músicas como Year of the cat do Al Stewart, Last Train To London do Electric Light Orchestra, Ventura Highway com America, Zodiacs com a Roberta Kelly, Uncle Albert/Admiral Halsey com Paul McCartney e o som nacional como, por exemplo, O medo de amar é o medo de ser livre com Beto Guedes, Hermes Aquino, Almôndegas e por aí vai...

Sobre o primeiro disco comprado com a minha grana foi a versão brasileira do A Hard Day's Night dos Beatles, que tinha a capa vermelha (o original era azul) com o título: os reis do ié, ié, ié!

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2) A função da música pode ser também um modo de socialização, formação de grupos. E nesses grupos pode surgir a identificação com um estilo musical e também a apreciação (de cada membro) de uma banda específica, isso para manter a individualidade de cada um. Teve um grupo de amigos assim? Qual era a “sua” banda e existia algum estilo que não gostava e que outros amigos apreciavam?

Com certeza, os grupos são fundamentais e na cidade em que me criei era muito comum que os jovens da época se agregassem em turmas que eram muitas vezes conhecidas por seus nomes. Fiquei amigo de um cara que estudava no mesmo colégio que eu, porém no período da tarde. Sempre conversávamos sobre música, principalmente Beatles (a minha preferida), gibis, videogame, filmes e tal. Uma vez, ele me convidou para ir a casa dele ouvir uns discos de vinil que ele e o irmão mais velho tinham (quando cheguei lá me surpreendi com a quantidade de material). Depois disso, acabei conhecendo o irmão mais velho desse colega e alguns outros caras que frequentavam a casa deles, principalmente nos sábados à tarde, para ouvir música, falar de cinema, gatas, paqueras e literatura. Acabamos ficando todos bem amigos. Éramos conhecidos como as caras da Caixa, em alusão ao point onde sempre nos encontrávamos no centro da cidade: em frente ao prédio da agência da caixa federal. Cada um desses amigos tinha suas bandas, álbuns e sons preferidos e como eu e esse camarada éramos os mais novos pinçamos influências e dicas dos mais velhos e de outros conhecidos com os quais tínhamos algum entrosamento. Sons como: Cure, Smiths, Bauhaus, Joy Division e New Order; Cocteau Twins, Waterboys, Television, The The, Talking Heads, Ramones, Dead Kennedys, The Church, Jesus e Mary Chain, Sonic Youth, My Bloody Valentine, Yo La Tengo, Superchunk, U2, REM e outros mais antigos como: Pink Floyd, Yes, Genesis, Rush, Syd Barret, Led Zeppelin, Iron Maiden, Black Sabbath, Stones, Neil Young, The Byrds, The Doors, Velvet Underground… Havia, ainda, espaço para alguns sons nacionais como Ira, Plebe Rude, Garotos Podres, Replicantes, Defalla, Violeta de Outono, Mutantes, Bacamarte, os dois primeiros álbuns da Legião Urbana e tal.

Jazz era um estilo que eu ouvia e, apesar de não terem nada contra esse gênero, não era tão apreciado naquela época pelos camaradas da turma. Não recordo de nada que esses amigos gostassem e que eu não achasse legal. Talvez Deep Purple e REM (vou ser excomungado por alguns), não tivessem tanto reconhecimento da minha parte.

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3) Qual o seu show inesquecível, qual o que se arrepende não ter ido e qual o que gostaria de ir mas nunca teve oportunidade, seja pela distância ou até pelo tempo, tipo um show que foi realizado quando era criança ou não era nascido?

Um show que curti bastante, apesar da acústica do local, foi o da primeira vinda dos Ramones ao Rio Grande Do Sul, no Gigantinho. A energia foi visceral, muito bom estar com os camaradas e sentir a vibração da plateia em resposta ao som dos caras. Eles eram ótimos no palco. Arrependo-me de não ter ido ao show do The Cure e gostaria de ter ido ao que o Rick Wakeman fez no Brasil em 1975. Meu irmão mais velho foi nesse show, Jorney to the center of the earth, e me lembro que no quarto dele existia um pôster da revista Pop, do Wakeman, em tamanho natural. Tinha qualquer coisa de mítico, aquela figura loira de cabelos compridos usando uma roupa amarela e brilhante em meio a diversos teclados. Muito louco para cabeça de um piá de 4 anos de idade.

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4) Se não pudesse escutar nenhuma banda ou interprete que lançou discos no século passado o que escutaria hoje? E qual a sua fonte de atualização musical?

Dos novos, tenho ouvido: Fleet Foxes, Holly Golightly, The Silents, Beirut e Cidadão Instigado. Minhas fontes de atualização são o spotify.com e o jango.com

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5) Fale umas dez bandas, músicas ou discos que modificaram a tua vida de alguma forma e se quiser descrever como e porque?

The Beatles, Cocteau Twins, Syd Barret, Pink Floyd (The piper at the gates of dawn), Billie Holiday, The Residents (Freak Show), Arrigo Barnabé (Clara Crocodilo), Crosby, Stills & Nash (Crosby, Stills & Nash, 1969), Egberto Gismonti(Circense) e Fleet Foxes. Descrever como e o porquê viraria em um tratado, melhor não! Rsrsrsrsrsrs...

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6) Toca ou já tocou algum instrumento? Teve alguma banda, mesmo que imaginária, como ela era?

Aprendi a tocar violão e eventualmente eu e alguns amigos fazíamos encontros para tocarmos e praticarmos juntos. Depois disso, comprei uma guitarra que está guardada até hoje na casa dos meus pais e toquei com vários amigos, mas nada que fosse voltado a um maior profissionalismo, com exceção da época em que trabalhei como músico-ator de uma companhia Teatral que teve um bom destaque no cenário Nacional na primeira metade dos anos 90: O Grupo Theatrum do Tambo.

Sobre bandas imaginárias há várias, posso citar: Mocho Orerulho, Aphoskuras Barbiquideas, Tusken Raiders, Barth-Canani-Pfeifer-Silvoleiros, Porcos do Sol, Taverna do Duende Verde, Os Seres do Amanhã, Torquatum Netum (essa chegou a fazer duas ou três apresentações oficiais) e ID (alguns ensaios), além dos trabalhos experimentais, dos quais destaco: o Professor Lindenbrook e o Chinese Funck.

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7) Já atacou de DJ ou algo parecido? como foi a experiência?

Não, nunca.

8) Se fosse para participar de uma banda, qualquer uma, qual seria e que instrumento tocaria?

Seria como guitarrista da ID.

9) Que músicas ou estilo embalariam ou embalam tarefas cotidianas ou dias específicos, tipo passear de carro em uma tarde de sábado de primavera? Praticar um esporte radical? atravessar a cidade a pé em uma madrugada de inverno? Coloque outros itens. 

No carro há dois momentos: no dia-a-dia costumo escutar a KISS FM, uma rádio Rock aqui de São Paulo que tem uma programação variada; quando estou passeando costumo fazer coletâneas que coloco no pen-drive para ir ouvindo ao longo do caminho. Em casa eu e a minha esposa costumamos curtir alguns canais de música (rock anos 60, 70 e 80, jazz e bossa nova) da TV por assinatura, já no nosso quarto ouvimos diversos sons que eu costumo baixar, além de algumas rádios online.

10) Acho que todos gostamos de algumas músicas que não tem muito a ver com a imagem que temos de nós mesmos, que música ou banda não gostaria de ser flagrado ouvindo por uma pessoa que não te conhece ainda? Que poderia criar uma imagem errada do teu gosto?

Galopeira com a Perla e Go West com o Pet Shop Boys.

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11) Na adolescência qual era o estilo de música que tu achava que estaria ouvindo hoje e qual realmente está?

Felizmente, continuo ouvindo as mesmas músicas e bandas dessa época, vide resposta 2, entre outros que com certeza me esqueci de citar.

12) Números. Quantos discos, cds, dvds, k7 e livros musicais já teve até agora. Indique alguns livros e filmes interessantes sobre música.

Olha, já tive bastante coisa, hoje em dia não me apego mais a números. Vendi meus discos de vinil (por volta de uns 400) para um sebo que funciona junto ao instituto de filosofia da Unicamp, fiquei apenas com a coleção dos Beatles e não tenho mais aparelho para tocá-los, CD há muitos ainda, mas escuto em raras ocasiões. Tenho bastante material no disco do meu computador pessoal e em discos externos. Quando tenho vontade de ouvir algo mais específico busco na “nuvem”.

Uma dica para quem curte HQs é O Pequeno Livro do Rock, do francês Hervé Bourhis, tem referências muito legais sobre a história desse ritmo, desde o seu surgimento até os dias de hoje. Vale conferir.

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