quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Entrevista Vinicius

O Vinicius é colega da firma e já trabalhamos juntos em dois projetos, de cara dá para perceber seu gosto pela música através de camisetas de bandas, ele também faz parte da banda, que foi criada por funcionários, na empresa que trabalhamos a Automations Band. Veja abaixo a entrevista com o Vinicius.

Acho que todos, em algum momento, percebem que a música é algo além de dançar ou se chacoalhar e veem que ela traz muitas emoções e se fixa na memórias ao longo da vida. Qual a música ou lembrança musical mais antiga que tu tens e qual o primeiro disco comprado com as próprias economias? Fale também qual a música ou banda que fez tu perceber que a música teria uma importância muito grande na tua vida?

Acho que o meu primeiro contato com a música foi com o Mamonas Assassinas. Na época eu era um piá de apenas 7 anos, mas foi quando comecei a perceber que música era legal. Adorava sair cantando em voz alta as músicas deles na rua, mercados ou mesmo em shoppings, todo orgulhoso de saber as letras (coitado, não fazia ideia de o que as letras diziam de verdade e por que as professoras odiavam a banda).

Até o fim da minha pré-adolescência passei por uma fase musicalmente obscura em que eu aceitava qualquer lixo que o rádio me empurrava, e isso vai desde músicas dance até pagode. Costumava gravar em fitas K7 os maiores hits dance da Jovem Pan. Mas ao menos tirei uma banda boa desta época, o Legião Urbana, do qual virei fã um tempo depois.

Conforme fui crescendo comecei a gostar de bandas punk rock/pop rock como Green Day, Offspring e Raimundos, e não tenho certeza, mas acho que o primeiro CD que comprei foi o “Só no forevis” do Raimundos ou “Warning” do GreenDay. Por essa época comecei a reparar mais na sonoridade das músicas, reparar em cada instrumento, e comecei a me identificar muito com o som do baixo, porém nunca tive um, pois não tinha condições de comprar e ainda não estava certo se queria começar direto com o baixo ou primeiro com um violão. Junto a esta indecisão, na época os colegas de aula de mesma idade não haviam despertado interesses pela música, então não tinha nem com quem tocar.

Já na adolescência, no ensino médio mudei para um colégio no centro de Novo Hamburgo, onde fiz amizades com pessoas que tinham gostos musicais mais variados, amigos que guardo até hoje. Com estas pessoas conheci mais a fundo a essência do Rock’n’Roll e duas de suas grandes vertentes, o grunge e o metal. Do grunge me agradava o jeito largado dos fãs do gênero, mas no metal foi onde me encontrei. A partir daquele ano, 2004, deixei o cabelo crescer (e sigo sem cortar até hoje), e o que escuto hoje em dia ainda vem desta vertente. Acredito que Metallica e Pantera foram as minhas primeiras paixões no metal. O CD Black do Metallica foi o meu primeiro do gênero, que ganhei de um primo no meu aniversário de 16 anos.

Logo descobri bandas de metal melódico e Power Metal como Rhapsody, Sonata Arctica e Stratovarius, e bandas brasileiras de White Metal como Eterna e Holy Sagga que despertaram em mim o fascínio por um instrumento que nos outros estilos eu não percebia, o Teclado. O interesse pelo baixo nessa época ainda existia, mas aí um daqueles meus novos amigos vendo a minha indecisão e interesse pelos dois instrumentos me falou algo que fez com que eu decidisse de vez. Disse ele: “Cara, baixista tem às pencas em NH, mas tecladista não existe aqui. Se tu optar pelo teclado tu entra pra minha banda”. E foi assim que me tornei um tecladista.

Alguns anos depois, ainda tocando com este amigo que me chamou para sua banda, entrei em uma sociedade com mais 3 camaradas e montamos um estúdio para ensaios em Novo Hamburgo, talvez foi o melhor estúdio que a cidade já teve (o mais espaçoso com toda a certeza), mas durou pouco tempo a sociedade e o Studio Scions encerrou as atividades com pouco mais de 1 ano de existência, isso lá por 2009 ou 2010.

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Studio Scions em Novo Hamburgo

Hoje tenho a música apenas como hobby. Toco em uma banda de Rock com colegas e ex-colegas da Altus, a Automations Band, onde tocamos, na maior parte das vezes, para realizar trabalhos filantrópicos arrecadando doações para entidades carentes. Tenho também uma banda de Symphonic/Power Metal, a Mystify, com influências principais de Nightwish e Epica e que está na ativa já a 5 anos. E o tipo de som que mais escuto no dia-a-dia é o metal progressivo, tendo a banda Dream Theater e seu tecladista Jordan Rudess como meus maiores ídolos, mas sempre ouvindo também algo de Opeth, Pain of Salvation e algumas bandas jent.

2) A função da música pode ser também um modo de socialização, formação de grupos. E nesses grupos pode surgir a identificação com um estilo musical e também a apreciação (de cada membro) de uma banda específica, isso para manter a individualidade de cada um. Teve um grupo de amigos assim? Qual era a “sua” banda e existia algum estilo que não gostava e que outros amigos apreciavam?

Acho que me empolguei no item 1 e acabei respondendo já ao item 2 hahaha.

3) Qual o seu show inesquecível, qual o que se arrepende não ter ido e qual o que gostaria de ir mas nunca teve oportunidade, seja pela distância ou até pelo tempo, tipo um show que foi realizado quando era criança ou não era nascido?

Todo show por algum motivo acaba sendo inesquecível, seja pela qualidade sonora, pela performance da banda no palco, pelas companhias no dia ou até mesmo pelo show ter sido ruim. Os shows mais inesquecíveis que fui foram: O show do Dream Theater de 2012 em Poa, primeira vez que os vi ao vivo e última com a presença da lenda viva Mike Portnoy nas baquetas; o show do Helloween em 2009 em Poa, onde tive a felicidade de pegar uma das abóboras de plástico, símbolo da banda, que tocaram ao público; e o show do Sonata Arctica em POA este ano (2015), pois passei 10 anos esperando para poder ver o show destes caras e embora sua sonoridade tenha mudado muito neste tempo, ainda assim o show foi incrível.

DREAM-THEATER

O show que eu sempre amargurei não ter ido foi o dos Raimundos no Planeta Atlântida de 2001. Na época eu respirava Raimundos, mas não tinha idade para entrar neste evento, e no mesmo ano o vocalista Rodolfo deixou a banda, acabando com o meu sonho da época de ver um show deles ao vivo. Para mim a banda acabou com a saída dele.

4) Se não pudesse escutar nenhuma banda ou interprete que lançou discos no século passado o que escutaria hoje? E qual a sua fonte de atualização musical?

Bom, eu sou um cara “novo” (é o que me disseram) e acompanho bandas não tão antigas, então isso não seria um grande problema pra mim hahaha.

O metal progressivo é um estilo ainda em ascensão, com representantes de praticamente 30 anos (o próprio Dream Theater) e que ainda estão na ativa, então sou felizardo de poder curtir muita coisa nova e de qualidade.

Minha maior fonte de atualização é o Spotify, onde conheci ótimas bandas ou sons novos de bandas já conhecidas como Haken, Soen, Riverside, Persefone, Amon Amarth, Tyr, e por aí vai.

5) Fale umas dez bandas, músicas ou discos que modificaram a tua vida de alguma forma e se quiser descrever como e porque?

Mamonas Assassinas – Primeiro contato com a música;

Raimundos – Primeiro interesse por instrumento;

raimundos

Legião Urbana – Me acompanhou em muitos momentos da vida. Tenho toda a discografia em CDs originais;

The Doors e AC/DC – Descobri a sinuca com eles hehehe;

Sonata Arctica – Banda que me levou a tocar o instrumento que toco hoje (teclado), e que foi tema de um grande amor que vivi no passado;

Dream Theater – Banda da qual sou fã incondicional e nunca canso de ouvir;

Nightwish – Banda que é a influência principal da minha banda Mystify.

Children of Bodom – Banda que me fez quebrar um paradigma sobre bandas com vocais rasgados ou guturais. Os rifs de teclado dessa banda são ótimos.

6) Toca ou já tocou algum instrumento? Teve alguma banda, mesmo que imaginária, como ela era?

Já comentei do teclado, mas não comentei que também tenho uma bateria eletrônica e um violão. Não sei tocar nenhum dos dois, mas é legal ter pra receber os amigos em casa hahahah.

7) Já atacou de DJ ou algo parecido? como foi a experiência?

Acho que o mais próximo disso foi a minha experiência com o estúdio, ajustando e equalizando a mesa de som para as bandas clientes hehe.

8) Se fosse para participar de uma banda, qualquer uma, qual seria e que instrumento tocaria?

Eu gostaria muito de saber tocar bateria e tocar com qualquer banda de Prog, eita instrumento que me fascina. Mas como tecladista seria uma honra substituir o Henri no Sonata Arctica e me mudar pra Finlândia.

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Vinicius, primeiro a esquerda e a banda Mystify

9) Que músicas ou estilo embalariam ou embalam tarefas cotidianas ou dias específicos, tipo passear de carro em uma tarde de sábado de primavera? Praticar um esporte radical? atravessar a cidade a pé em uma madrugada de inverno? Coloque outros itens.

Vamos lá, para dias deprê, tardes chuvosas e solitárias: Legião Urbana.

Pegar estradas longas, sentar o pé no acelerador: Firewind, ou power metal em geral.

Se estiver como passageiro nessa viagem: prog metal e jent.

Para “dar uns amassos”: Type O Negative.

Se preparar para encarar uma barra pesada: Pantera.

Para estudar: qualquer Prog instrumental, daí não me distraio com as letras.

Narguilé time: Opeth, Pain of Salvation, Haken...

Para todas as situações citadas e para qualquer outra: Dream Theater, pois um Dream sempre cai bem, e sempre há alguma música deles que se encaixe em qualquer situação.

10) Acho que todos gostamos de algumas músicas que não tem muito a ver com a imagem que temos de nós mesmos, que música ou banda não gostaria de ser flagrado ouvindo por uma pessoa que não te conhece ainda? Que poderia criar uma imagem errada do teu gosto?

Não dou muita bola para o que pensam de mim, caso contrário não teria o cabelo comprido até hoje. Mas fora da linha metal, acho que o mais diferente do meu estilo é o Legião Urbana mesmo.

11) Na adolescência qual era o estilo de música que tu achava que estaria ouvindo hoje e qual realmente está?

Foi na adolescência que conheci o Heavy Metal, não fugi muito das minhas origens, mas talvez não imaginaria que hoje estaria gostando de bandas como Children of Bodom ou Amon Amarth. Ou ainda Pain of Salvation, que já cheguei a odiar por ter de esperar um show de 3 horas deles pra poder ver o show do Symphony X que vinha em seguida. Hoje aguardo por um novo show deles.

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Vinicius no teclado na Automations Band

12) Números. Quantos discos, cds, dvds, k7 e livros musicais já teve até agora. Indique alguns livros e filmes interessantes sobre música.

Gosto de ter a mídia física e de vez em quando passo na loja Jam Sons Raros, em Novo Hamburgo, e acabo comprando uma pilha de Cds usados. Livro musical tenho apenas um, a biografia do Metallica por Mick Wall. Gosto de saber como as coisas aconteceram até a banda estourar, mas sinto mais prazer com livros de ficção como os do J.R.R. Tolkien e André Vianco, que predominam na minha mini biblioteca.

Não faço ideia do tamanho da coleção de CDs, mas sei que é maior que a de livros e menor que a de garrafas de cerveja. Hehehe.

Faça duas ou mais perguntas para si mesmo a respeito de música e responda.

Algum arrependimento até aqui com a música?

Gostaria de ter começado a tocar mais cedo. Quanto mais velho, mais dificuldade de aprendizado temos, e logo que eu aprendi o básico no teclado já comecei a trabalhar e estudar em simultâneo, logo, apesar de tocar a 10 anos, não tenho uma habilidade condizente com esse tempo todo de experiência. Nunca pretendi viver de música, mas sentiria ainda mais prazer em tocar se tivesse uma habilidade maior.

 

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