sexta-feira, 25 de abril de 2014

Entrevista Ferzinha Psi

Conheci a Ferzinha através do amigo Renato Spagnoli, porém nunca nos encontramos pessoalmente. Assim como ela, eu fiz muitas amizades pela internet simplesmente observando os amigos dos meus amigos e achando interessante o que eles postavam.

Ela demonstra aquilo que tenho como proposta para o Blog, o amor, ou melhor, a paixão pela música.

Certamente já nos cruzamos por ai, pois eu estava no show do Arcade Fire e Strokes e também tive um dia murrinha, como se diz aqui no sul, transformado em um dia muito especial no show ao ar livre do Nick Cave até ganhei um disco jogado do palco pelo Atahulpa Y Us Punks.

smiths

Smiths
1) Acho que todos, em algum momento, percebem que a música é algo além de dançar ou se chacoalhar e veem que ela traz muitas emoções e se fixa na memórias ao longo da vida. Qual a música ou lembrança musical mais antiga que tu tens e qual o primeiro disco comprado com as próprias economias? Fale também qual a música ou banda que fez tu perceber que a música teria uma importância muito grande na tua vida?

Aqui tem várias coisas diferentes... Vamos lá. Minha primeira lembrança musical é de um disco do Chris Montez, daqueles pequenos de vinil. Eu devia ter por volta de 6 anos de idade e a música era “Call me”. Lembro que adorava ver ele girando... Depois de adulta, fui atrás desta música e tenho uma coletânea dele. Já o primeiro disco comprado com minhas economias, não foi um disco e sim, uma fita K7. Era da Sade “Stronger than pride”. Essa fita rodou muuuuuuuito nos meus ouvidos. Agora a banda decisiva na vida, como um tipo de divisor de águas, foi Smiths... Passei muitas horas trancada no quarto ouvindo Morrissey e sua turma. Isso foi quando eu entrei na faculdade, tinha então 17 anos: “I wear black on the outside, cause black is how I fell on the inside, and it seem a litle strange, well that’s because I am...” Era como um lema, bem apropriado para a adolescência!!!

2) A função da música pode ser também um modo de socialização, formação de grupos. E nesses grupos pode surgir a identificação com um estilo musical e também a apreciação (de cada membro) de uma banda específica, isso para manter a individualidade de cada um. Teve um grupo de amigos assim? Qual era a “sua” banda e existia algum estilo que não gostava e que outros amigos apreciavam?

Acho que Smiths foi a banda mais grupo que eu tive. Era mais do que música, era estilo de vida e estilo de ver a vida.

3) Qual o seu show inesquecível, qual o que se arrepende não ter ido e qual o que gostaria de ir mas nunca teve oportunidade, seja pela distância ou até pelo tempo, tipo um show que foi realizado quando era criança ou não era nascido? Meu show inesquecível é beeeeeeem difícil. São vários. Elegi os top 5 e vou contar um pouco sobre cada um deles, ok?

Paul McCartney, Buenos Aires, 1993: excursão de ônibus com uma turma pra lá de divertida. No dia do show tive que fugir da polícia em volta do estádio porque estava tomando cerveja (era proibido, eu não sabia) então foi uma correria. O início do show foi um vídeo do Greenpeace tocando “Bluebird”. Aí comecei a chorar e não parei até o final. Nunca havia entendido aquela histeria que os Beatles causavam no público, mas ver o Paul foi ter um Beatle ali, na minha frente. Na época a Linda ainda era viva e tocava triângulo, hehehe. Foi memorável!!!!

Festival na Pedreira em Curitiba; shows do Teenage Fanclub e Pixies. Caramba, o show do Teenage, acho que por não serem tão conhecidos, foi algo incrível. Eu na grade em frente ao palco conversando com um cara que também não estava acreditando no que via... Quanto ao Pixies, nem preciso me estender. Só dizer que é uma das minhas bandas preferidas e que foi um sonho poder ver eles de perto!!!

teenage

Teenage Fanclub

Radiohead e Kraftwerk: em Sampa, na primeira fila. Caramba! Que shows. Poder ouvir tudo que ADORO sendo tocado ao vivo na minha frente! Creep! Fake Plastic Trees! Paranoid Android! Sem palavras.

Madonna (2009) em Baires: musa, deusa, nunca pensei que poderia ver um show dela. E ouvir um estádio inteiro chorando com “Don’t cry for me Argentina”, me arrepio agora só de lembrar. O dia que fui no show estava sendo gravado o dvd da turnê. Claro que tenho ele e é uma lembrança e tanto daquele dia.

Aerosmith: esse sim, eu sempre dizia que queria ver um show da banda antes que o Steven Tyler morresse. E deu certo. Também fiquei na primeira fila, babando. O gás do cara é impressionante. Sessenta e muitos e muita adrenalina...

Tem vários outros que foram memoráveis (João Gilberto em um show de 3 horas com banquinho e violão, Paralamas e Legião num dia só, Arcade Fire abrindo Strokes, a volta dos mutantes, Nick Cave de graça na Usina do Gasômetro...) mas os top 5 são esses acima mesmo!

Se eu pudesse ver algum show, estaria certo no último show do Elvis. Ele é Deus. Ponto final.

4) Se não pudesse escutar nenhuma banda ou interprete que lançou discos no século passado o que escutaria hoje? E qual a sua fonte de atualização musical?

Acho que ouviria Amy Winehouse, que voz louca ela tinha! Hoje não me atualizo muito. Minha sobrinha, que mora em Paris e trabalha em uma gravadora, me lança algumas coisas boas. Mas no fundo, tenho muita dificuldade em ver hoje algo de novo, criativo, como foi nos 1980...

5) Fale umas dez bandas, músicas ou discos que modificaram a tua vida de alguma forma e se quiser descrever como e porque?

Sade – Já falei, foi paixão

Smiths – uma mudança na vida

Pixies – banda dos sonhos

Sonic Youth – ai, as distorções, amo

sonic youth

The Knack – banda pra ouvir viajando de carro

Los hermanos – lembra do meu amor: “tanto clichê, deve não ser”

Nick Cave – ver na chuva, de graça, em um dia que não tinha nada pra ser especial

Elvis – O cara

Bon Jovi – Aprendi a gostar faz pouco, mas já faz parte da minha lista...

6) Toca ou já tocou algum instrumento? Teve alguma banda, mesmo que imaginária, como ela era?

Nunca. Meu trauma é nunca ter tocado bateria. Como sou super ativa acho que me sairia bem!

7) Já atacou de DJ ou algo parecido? como foi a experiência?

Sim, Dj no Beco, casa noturna de Porto Alegre. Ataquei de Siouxsie na entrada com Israel, versão original com a Cavalgada da Valkírias de Wagner. A pista encheu e foi uma loucura!!!!

8) Se fosse para participar de uma banda, qualquer uma, qual seria e que instrumento tocaria?

Bateria, sem sombra de dúvidas...

9) Que músicas ou estilo embalariam ou embalam tarefas cotidianas ou dias específicos, tipo passear de carro em uma tarde de sábado de primavera? Praticar um esporte radical? atravessar a cidade a pé em uma madrugada de inverno? Coloque outros itens.

Foo Fighters, Arcade Fire, Radiohead, tudo que considero bom.

# Um dia alguém me disse que odiava filmes com trilha sonora, porque a vida não é assim. Pensei e discordei pra mim mesma. Minha vida tem trilha sonora, sempre. Sou movida a música! #

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Nick Cave
10) Acho que todos gostamos de algumas músicas que não tem muito a ver com a imagem que temos de nós mesmos, que música ou banda não gostaria de ser flagrado ouvindo por uma pessoa que não te conhece ainda? Que poderia criar uma imagem errada do teu gosto?

Fala mansa, hehehe. Banda de forró do Ceará que lembra algumas férias que passei em Jericoacoara!

11) Na adolescência qual era o estilo de música que tu achava que estaria ouvindo hoje e qual realmente está?

Rock e pop alternativo era o que fazia minha cabeça. Hoje continua sendo, mas o Jazz me pegou de jeito de uma certa idade pra cá. Principalmente as garotas: Ella, Aretha. AMO!

12) Números. Quantos discos, cds, dvds, k7 e livros musicais já teve até agora. Indique alguns livros e filmes interessantes sobre música.

Cds por volta de 600. Lps tenho poucos agora, mais ou menos uns 50, incluindo algumas raridades que me deixam feliz como NAU, Tomas Dolby... Livros... Biografias principalmente. Destaco a biografia do Steven Tyler que é uma viagem no tempo e super bem escrita, por ele, claro.

13) O que me faz gostar de uma música:

Pensar na capacidade de alguém, que em outro lugar do mundo, um dia sentou e escreveu aquela música que, quando eu ouvi, parei e fez meu coração sentir algo diferente. Às vezes é um aperto, uma saudade que nem se sabe de onde ou de que. Outras é uma felicidade que irradia e contagia quem está à volta. É o poder da música. Reverencio quem tem este poder, de tocar o coração das pessoas.

14) O que eu gostaria que a música fosse hoje:

Que fizesse pensar, refletir, não fosse descartável. Que servisse para mudar as mentes de quem as ouve.

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