Conheço o Alexandre do tempo que trabalhávamos na azaleia, designer de mão cheia tem a melhor visão e capacidade de resumir tendências e ideias que conheço. Grande parceiro de ótimos bate papos sempre com pensamentos e argumentos rápidos e sagazes. Toda sua sede de novidades na tecnologia e tendências está presente também na sua vida musical, confere ai.
1) Acho que todos, em algum momento, percebem que a música é algo além de dançar ou se chacoalhar e veem que ela traz muitas emoções e se fixa na memórias ao longo da vida. Qual a música ou lembrança musical mais antiga que tu tens e qual o primeiro disco comprado com as próprias economias? Fale também qual a música ou banda que fez tu perceber que a música teria uma importância muito grande na tua vida?
Lembro muito o rádio, escutado pela minha mãe, além de alguns discos do Roberto Carlos que meu Pai escutava nos sábados a tarde. Um sábado passou um clip do Kiss na TV (eles fariam um show no Brasil) e aquilo me chamou a atenção! Pela voz gutural, pela batida, me convenceu! Não demorou muito para meus irmãos mais velhos aparecerem com este disco, gravado em uma fita K7 que foi escutada a exaustão. O irmão mais velho estava descobrindo Heavy Metal e me puxou junto, eu ficava ali escutando a música dele e meu irmão do meio curtia Michael Jackson e Cindy Lauper o que eu não gostava… Não gostava do pop, achava bobo. E com certeza não me via dançando break. Conheci AC/DC e Iron Maiden, Black Sabbath também, pouco tempo depois já tinha esquecido o Kiss e achava que o melhor disco da minha vida era For Those About to Rock do AC/DC enfim... Sempre fitas K7 que eram escutadas a tarde, quando eu voltava do colégio. Um dia eles compraram um aparelho “três em um” Pillips Tecnics… isso sim mudaria tudo. Não pelo discos que compraram junto (Rock in Rio e outro de grandes sucessos de verão) mas pela possibilidade de gravar minhas próprias fitas e pelo potente rádio FM. Comprei duas fitas K7 e coloquei nelas minha seleção musical de alguns vinis que tinha ali a mão e isso tornou-se o que eu sempre faria até os dias de hoje.... Playlists… O rádio daquele “aparelho de som” era potente, a antena pegou no primeiro final de semana uma tal Ipanema FM ou o que veio antes dela não lembro direito, eu descobri então o Indie music, comecei escutar Smiths, Siouxsie And The Banshees e Joy Division, tinha metal também e muito Rock and Roll, Led Zeppelin e Rolling Stones mas o que eu mais gostava era o Indie. Eu havia descoberto naquele ano o skate e estava completamente inserido naquilo, surf skate e musica! Roupas coloridas, The Cure, New Order escutava tudo sem saber a cronologia destas bandas... Pensava que tudo aquilo estava acontecendo ao mesmo tempo e não estava, agora sei, mas foi melhor assim... Me diverti muito. Em setembro de 85 ou 86 teve na minha cidade (Santa Cruz do Sul) um show de rock o ”Rock Cruz” onde apresentaram: Replicantes, Urubu Rei e algumas bandas locais. Aquilo igualmente me marcou, Replicantes viria a ser minha banda nacional preferida de todos os tempos, consegui no ano seguinte o compacto com as quatro musicas deles e aquilo embalava nossas tardes de street skate.
2) A função da música pode ser também um modo de socialização, formação de grupos. E nesses grupos pode surgir a identificação com um estilo musical e também a apreciação (de cada membro) de uma banda específica, isso para manter a individualidade de cada um. Teve um grupo de amigos assim? Qual era a “sua” banda e existia algum estilo que não gostava e que outros amigos apreciavam?
Eu era skatista… Só pensava nisso e minha música e de meus amigos tinha tudo relacionado com o esporte; JFA, Black Flag, Replicantes e até DEFALLA em algum momento.
Todos nós tínhamos um compromisso em escutar somente o que era mais “core” do skate, até hoje tento decifrar uma banda que escutávamos em K7, Stoned Kill ou Stone Killers não encontro exatamente a banda. Escutávamos um pouco de Motorhead também, no final das sessions de skate geralmente escutávamos Roger Waters ou Pink Floyd o que era uma montanha russa sonora, analisando agora. Mas esta mesma turma teve um pouco de dificuldade em entender a chegada do RAP music no inicio dos 90 (quando chegou lá no interior) eu absorvi bem isso, mas a maioria dos meus amigos não… Isso acabou me deixando isolado musicalmente e se olhar agora mesmo no meu Iphone, estava escutando Cypress Hill e Wu Tang Klan, intercalando com a banda Elefant e Group Love (montanha russa sonora?) Bem, não respondi exatamente o que você me perguntou mas tentei...
3) Qual o seu show inesquecível, qual o que se arrepende não ter ido e qual o que gostaria de ir mas nunca teve oportunidade, seja pela distância ou até pelo tempo, tipo um show que foi realizado quando era criança ou não era nascido?
O que foi realmente inesquecível? O show do Camisa de Vênus na minha cidade natal lá por 87/88 se não me engano, tinha a estrutura de um show profissional e foi no estádio de futebol da cidade, tinha muita gente lá. Lembro todo mundo dançando e balançando na musica “Silvia.” O que me arrependo foi não ter ido no show dos Strokes aqui no Pepsi on stage em Porto Alegre… Havia voltado de viagem naquele dia, estava cansado mas deveria ter ido… Não fui em muitos shows na minha vida, lamento por isso porque oportunidades não me faltaram.
4) Se não pudesse escutar nenhuma banda ou interprete que lançou discos no século passado o que escutaria hoje? E qual a sua fonte de atualização musical?
Com certeza estaria escutando Silversun Pickups e Clap Your Hands and Say Yeah, mas na realidade tive que recorrer ao Wikipédia para ter certeza de não estar falando bobagem, muitas das bandas que escuto são do final do século passado, mas são tão conectadas com este século que até penso que são mais jovens… Pixies por exemplo é muito atual na minha opinião e o Arcade fire lançou Afterlife que na minha opinião é uma musica homenagem para o New Order! Minha fonte de atualização hoje é principalmente o Shazam no Iphone que tem me ajudado bastante. Costumava escutar duas rádios via Itunes também, 103 Indie Rock de Los Angeles e Indie pop rocks (SOMA FM) e algumas outras via internet, respondendo a pergunta diria que Internet então.
5) Fale umas dez bandas, músicas ou discos que modificaram a tua vida de alguma forma e se quiser descrever como e porque?
John Vanderslice's - Exodus Damage
Queens of the Stone Age - I Sat By The Ocean
Replicantes - O Futuro é Vortex
U2 – Lemon
Everlast - What is Like
House of Pain - Jump Around
TSOL - Flower by the Door
Dead Kennedys - California Uber Ales
PIL – RISE
Stereophonics - Lying in the Sun
Big Audio Dinamyte - T-thirteen
Smiths - Heaven know I’m miserable now
Joy division – Disorder
Semisonic - Secret smile
Roger Waters - The Pros and Cons of Hitch Hiking
REM - Everybody hurts
Pixies - Bone Machine
New order - dreams never end
MGMT - Time to pretend
Interpol - narc
Das Efx - Hardcore RAP act
Cypress Hill - Get out of my head
6) Toca ou já tocou algum instrumento? Teve alguma banda, mesmo que imaginária, como ela era?
Absolutamente não, mas tenho certeza que nasci para a coisa. Deve ser um daqueles bloqueios que a sociedade te impõe! Todas as vezes que tive mudanças grandes na minha vida pensava em fazer aulas para aprender tocar guitarra… Cheguei a pegar informações uma vez, mas nunca fui em frente.
7) Já atacou de DJ ou algo parecido? como foi a experiência?
Só tipo “air” sabe? Fazendo de conta que está com aquele equipamento na frente com a mão direita na orelha!!! Foi uma experiência bastante solitária Hahahahaha!!!
8) Se fosse para participar de uma banda, qualquer uma, qual seria e que instrumento tocaria?
Guitarra com certeza e do Led Zeppelin, acho que ali esta a essência do Rock and Roll talvez teria um cabelão crespo e despenteado que ficaria solto no ar enquanto eu “solava”com a guitarra. Ou do Interpol vestindo um terno Armani e com jeitão “deprê" saca!?
9) Que músicas ou estilo embalariam ou embalam tarefas cotidianas ou dias específicos, tipo passear de carro em uma tarde de sábado de primavera? Praticar um esporte radical? atravessar a cidade a pé em uma madrugada de inverno? Coloque outros itens.
Eu tenho hoje pouca oportunidade de escutar música, tenho um bebê novinho em casa (o Pedro de 3 anos) e quando estou com ele ando escutando Super Hero Squad Theme song que é um cartoon dos Vingadores, melhor que a Galinha Pintadinha e a Turma do Seu Lobato que já passou… Mas como moro em uma cidade diferente do trabalho tenho 20 -30 minutos de ida e volta por dia para explorar meu Itunes e escutar música. Deixo ele no shuffle então acabo escutando de tudo (montanha russa musical) ou quando vou a academia fazer meus exercícios, tento fazer playlist's para diferentes treinos ou corridas, ajudar na motivação… Deixar menos monótono.
10) Acho que todos gostamos de algumas músicas que não tem muito a ver com a imagem que temos de nós mesmos, que música ou banda não gostaria de ser flagrado ouvindo por uma pessoa que não te conhece ainda? Que poderia criar uma imagem errada do teu gosto?
RAP acho. Tenho 44 anos… Não devia estar escutando isso Hahahaha, claro, busco escutar sozinho pq entendo que isso não combina visualmente comigo.
11) Na adolescência qual era o estilo de música que tu achava que estaria ouvindo hoje e qual realmente está?
O novo e o alternativo, não necessariamente nesta ordem.
12) Números. Quantos discos, cds, dvds, k7 e livros musicais já teve até agora. Indique alguns livros e filmes interessantes sobre música.
Bem, Vinil não tive muitos, foram 23, que foram doados para um amigo no dia que comprei o primeiro CD. Fitas K7 foram umas 100-120 ao longo da vida mas tive que descartá-las na minha ultima mudança para o apartamento novo, de qualquer forma não tinha “toca-fitas” para escutá-las. Já CD’S considero que tive razoáveis 350 e poucos exemplares, maioria importados que trazia de viagens, foram todos vendidos por R$2,50 cada, quando assumi que daquele ponto em diante teria só arquivos de música, nada físico. Demorou pra eu achar quem quisesse. Mantenho um backup em diferentes HD’S de todas as minhas músicas.
Faça duas ou mais perguntas para si mesmo a respeito de música e responda.
Não vou fazer por considerar que falei demais, se eu fosse o entrevistador já teria levantado agradecendo com um aperto de mão e um tchauzinho.
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