domingo, 11 de maio de 2014

Entrevista Lucas Lourenço

O Lucas é meu sobrinho e a maior preocupação do pai dele, meu irmão, era a possibilidade dele não ser gremista e a minha era ele não ser do rock. Não precisamos mais nos preocupar, ele é um gremista roqueiro.

Desde pequeno tentei doutrinar ele, dei diversas camisetas, discos duplos, botava ele a me ajudar a organizar meus discos.

Também alguns eventos de lavagem cerebral, sempre que dava carona para ele ficava tocando alguma banda, dando aulas sobre ela e falando mal de outros gêneros. A não ser quando eu cantava o clássico "loving you" da Minnie Riperton com todas as desafinações possíveis, né Lucas?

Chega um ponto que se vê que cada um é cada um, ele hoje gosta mais de bandas gaúchas do que eu e tem uma personalidade musical muito própria, como deve ser.

Multi-instrumentista, desde piazito toca teclado, bateria, violão, guitarra, gaita de boca e o que aparecer pela frente.

lucas bandBanda de um homem só

1) Acho que todos, em algum momento, percebem que a música é algo além de dançar ou se chacoalhar e veem que ela traz muitas emoções e se fixa na memórias ao longo da vida. Qual a música ou lembrança musical mais antiga que tu tens e qual o primeiro disco comprado com as próprias economias? Fale também qual a música ou banda que fez tu perceber que a música teria uma importância muito grande na tua vida?

Venho de uma família de “músicos”. Meu pai tinha (tem até hoje) um teclado em casa, e desde pequeno eu brincava com esse instrumento. Ele me matriculou num conservatório, aprendi a tocar teclado e desde então não parei mais. Sigo até hoje estudando e querendo sempre aprender a tocar algum novo instrumento.

Não sei se tu conhece, mas tenho um tio chamado João Lourenço que sempre me influenciou bastante em relação a música. Foi no carro dele que ouvi o  “Ascensão e queda dos Irmãos Rocha!” e foi esse o primeiro CD que comprei com minhas economias. Foi pela internet e custou uns 30 e poucos pilas, o CD + o frete.

Uma banda que fez eu perceber a importância da música na minha vida foi o The Who. Keith Moon me disse para tocar bateria, meu “principal instrumento” até hoje. Alguns dos momentos mais legais da minha vida foram tocando bateria. Obrigado, Keith!

2) A função da música pode ser também um modo de socialização, formação de grupos. E nesses grupos pode surgir a identificação com um estilo musical e também a apreciação (de cada membro) de uma banda específica, isso para manter a individualidade de cada um. Teve um grupo de amigos assim? Qual era a “sua” banda e existia algum estilo que não gostava e que outros amigos apreciavam?

Sim. Minha primeira banda eu fiz com meus amigos do colégio, aos 12 anos. Depois nas outras 3 bandas que eu toquei fiz novos amigos por causa da música. Hoje a maioria dos amigos que eu tenho são por causa da música. Dessas bandas que eu toquei, o “rock gaúcho” quase sempre esteve presente no gosto musical dos membros.

100_2748Lavagem cerebral lá em casa, desde pequeno.

3) Qual o seu show inesquecível, qual o que se arrepende não ter ido e qual o que gostaria de ir mas nunca teve oportunidade, seja pela distância ou até pelo tempo, tipo um show que foi realizado quando era criança ou não era nascido?

Um show inesquecível foi o do Paul McCartney em 2010 na cidade de Porto Alegre. Tanto pelo show como pelo “pré show.”

O show era as 21h. Fui de topique com uns amigos (e novos amigos que fiz, mais uma vez, com a música). Saímos de Taquara cedo da manhã. Chegamos em POA as 9. Fui pra fila do portão que eu entraria e fiquei aguardando o tempo passar. O sol começou a ficar mais forte e eu acho que eu não poderia ficar exposto, porque a Vania (patroa do tio João) havia arrancado dois sisos meus uma semana antes do show. Fui comprar um guarda chuva para me proteger do sol e o cara tava cobrando 15 pila, achei meio caro e não comprei. Passou meia hora e não aguentei mais o sol, fui comprar o guarda chuva e agora estava 20! Falei brabo pro cara que a meia hora atrás o guarda chuva custava 15 e ele fazendo sinal de silencio para mim, me vendeu por esse preço. Fiquei na fila, batendo papo com um pessoal que estava ali também e aguardando a hora do show começar. Os portões abriram as 17h e o pessoal começou a entrar. Na hora que eu chego no portão quem está lá? O vendedor de guarda chuvas recolhendo os mesmos, pois não podia entrar no show com eles. Enfim, entrei. Encontrei meus amigos, que estavam em outras filas, dentro do estádio. 21h em ponto começa o show. E QUE SHOW! Um cara com 68 anos, tocando rock 3 horas direto, a multidão cantando junto, todos aqueles fogos em “live and let die” e de tanto cantar, meus pontos dos sisos ficaram por lá. Um trabalho a menos pra tia Vania.

Arrependimento de não ter ido a algum show eu não tenho, como eu gosto muito de rock gaúcho já tive oportunidade de ver os grandes músicos do estado por bares da região. Gostaria de ter vivido nos anos 60 para poder ver os Beatles e o The Who. Ainda pretendo ver um show dos Strokes e da Tarcísio Meiras Band.

4) Se não pudesse escutar nenhuma banda ou interprete que lançou discos no século passado o que escutaria hoje? E qual a sua fonte de atualização musical?

Já escuto Strokes, Arctic Monkeys, Kings of Leon, Black Keys …

Fonte de atualização são os amigos e a internet.

5) Fale umas dez bandas, músicas ou discos que modificaram a tua vida de alguma forma e se quiser descrever como e porque?

Sex Pistols, The Clash e Tequila Baby, por aos 12 anos fazer eu largar das bandinhas da mídia que eu ouvia e me apresentar o punk.

The Who: baita influencia musical.

Beatles: além de baita influencia musical, é meio que uma filosofia de vida

Cascavelletes, TNT, Graforréia Xilarmonica, Replicantes, Wander Wildner, Júpiter Maçã e Superguidis, são as que eu mais curto aqui no RS.

IMG_1907

6) Toca ou já tocou algum instrumento? Teve alguma banda, mesmo que imaginária, como ela era?

Toco alguns, mas o principal mesmo é bateria. Já tive 4 bandas;

CLOC/Black Fuscão: aos 12, começou como CLOC, tocando covers de “hardcore modinha” e terminou como Black Fuscão, além de covers de bandas punks tínhamos uma própria, um protesto pré-adolescente chamado “O refri do bar da esquina”.

Robert’s: Covers de bandas gaúchas por bares da região.

Musical Quartamarelo: Cover de bandas gaúchas e algumas músicas próprias. Tocamos 2 vezes no Radar TVE, a primeira vez estavam o cantor, de samba-rock, Bebeto e o Dj Hum.

Vitrô: Banda atual. Bem voltada ao trabalho autoral. Com ela já toquei uma vez No Radar TVE, uma vez em São Paulo e na festa de Três Coroas, com o Nando Reis.

7) Já atacou de DJ ou algo parecido? como foi a experiência?

Ainda não.

8) Se fosse para participar de uma banda, qualquer uma, qual seria e que instrumento tocaria?

Pandeiro meia lua com Beatles ou The Who.

9) Que músicas ou estilo embalariam ou embalam tarefas cotidianas ou dias específicos, tipo passear de carro em uma tarde de sábado de primavera? Praticar um esporte radical? atravessar a cidade a pé em uma madrugada de inverno? Coloque outros itens.

O mp3 do meu carro ta cheio de bandas gaúchas e rock anos 60 e indie rock. Se estou de carro, estou ouvindo isso. Esporte radical depende, se for bem radical um ACDC, se for um pouco menos radical um britpop (song 2 do Blur). Para atravessar a cidade a pé em uma madrugada de inverno um bom unplugged mtv (gosto o do Eric Clapton) ou o Highway 61 Revisited do Bob Dylan.

IMG_1674Lucas e sua Pearl.

10) Acho que todos gostamos de algumas músicas que não tem muito a ver com a imagem que temos de nós mesmos, que música ou banda não gostaria de ser flagrado ouvindo por uma pessoa que não te conhece ainda? Que poderia criar uma imagem errada do teu gosto?

Molejo. Hahaha

11) Na adolescência qual era o estilo de música que tu achava que estaria ouvindo hoje e qual realmente está?

Punk. Era viciado em Sex Pistols. Hoje eu escuto mais rock anos 60 e indie.

12) Números. Quantos discos, cds, dvds, k7 e livros musicais já teve até agora. Indique alguns livros e filmes interessantes sobre música.

Bah, não sei exatamente, lp’s devo ter uns 15. Cds uns 70. Livros musicais 5 ou 6. Livros e revistas sobre teoria musical tem bastante.

Dicas:

Livro: Gauleses irredutíveis. Causos do Rock Gaúcho.

Filme: Backbeat. História dos Beatles, nos tempos de Hamburgo, na visão do Stuart Sutcliffe

Nenhum comentário:

Postar um comentário